Por: Viviane Sousa – 01/04/2020
Essa é uma das dúvidas mais recorrentes dos supermercadistas brasileiros. Para respondê-la, avaliamos a questão em 8 aspectos
O forte aumento de demanda nos supermercados observado desde que a proliferação do novo Coronavírus se tornou exponencial no País tem exigido bastante das empresas varejistas. Ao longo desta semana, SA Varejo está respondendo – sempre na newsletter que você recebe à tarde – às principais dúvidas do setor sobre o atual momento. Para saber quais temas tratar, fizemos uma sondagem com quase 40 empresários e altos executivos do varejo regional na semana passada. Um dos assuntos mais citados foi quais procedimentos adotar em meio à crise do coronavírus.
O momento pede planejamento, organização, eficiência e muita sinergia entre todos do time para que a qualidade do atendimento e dos serviços não caia. E tenha certeza que algumas coisas ainda vão ocorrer. E isso é perfeitamente normal porque nuca vivemos algo parecido. Acompanhar o que está acontecendo nos varejos da Europa e dos Estados Unidos pode ajudar a entender o que ainda surgirá por aqui, já que eles estão algumas semanas à nossa frente, quanto aos estágios da pandemia.
Mais do que isso, a situação pede um comitê de crise, formado pelos representantes de cada área. Juntos, os integrantes vão montar um plano de ação a partir de um mapeamento de riscos, soluções e oportunidades. Esse plano deve ser compartilhado com todos da empresa. E, sim, o momento também é de oportunidade, de se reinventar e usar a criatividade.
Comunicação
Comunicação clara e assertiva junto aos colaboradores e os clientes é imprescindível neste momento. Além dos treinamentos para prevenção, eles devem receber orientações quanto ao que está sendo adotado de medidas de segurança na loja e sobre os esforços da empresa para manter o abastecimento em dia, por exemplo. Bem informado, o time se empenha mais, fica mais produtivo e ainda consegue transmitir tranquilidade aos clientes. Algumas redes também estão disponibilizando na entrada de suas unidades uma espécie de manual com todas ações adotadas pela loja durante a quarentena. A ideia é que seja consultado pelos clientes e até mesmo pelos funcionários.
Reposição
Os produtos estão desaparecendo das lojas muito rapidamente e os buracos nas gôndolas aparecem em segundos, num volume bem maior do que o normal. E não é para menos, já que muitas redes têm revelado um nível de vendas semelhante ao do período de festas de final de ano. Miguel Murta Cardoso, CEO da rede portuguesa Compracá – Supermercados de Proximidade e ex-consultor sênior de varejo, explica que, dependendo do tipo de supermercado em questão, uma medida que poderá também ser muito útil é fechar as portas por alguns minutos para colocar 100% da equipe a fazer uma reposição rápida de toda a mercadoria que chegou do centro de distribuição. “Mais uma vez, os clientes vão entender que é para o seu bem, podendo até dar uma explicação de que desta forma vão encontrar os produtos que procuram.” A contratação de pessoal adicional poderá ser muito útil para a reposição dos produtos.
Contratações
Para ajudar a dar conta da demanda, talvez seja necessário contratar temporários. Já há muitas redes, inclusive regionais, fazendo isso. Algumas estão apostando num processo de seleção 100% digital, o que pode ajudar a reduzir em até 60% o tempo médio para efetuar as contratações.
Horário de funcionamento
Caso não seja possível contratar pessoal adicional, a melhor opção seria trabalhar em horários um pouco reduzidos, acredita Miguel Murta Cardoso, CEO da rede Compracá – Supermercados de Proximidade e ex-consultor sênior de varejo. Por exemplo, se a loja antes abria das 8h às 20h, deveria agora funcionar das 9h às 19h. “Se mesmo assim não for suficiente, poderá ainda fechar a loja na hora do almoço. Aproveite esse horário para repor mercadorias e dar um descanso às suas equipes, que têm sido imparáveis nesse momento”, afirma o especialista. A iniciativa, é claro, deve ser avaliada de acordo com as características da sua loja. Se o maior movimento é no horário do almoço, por exemplo, essa iniciativa deve ser feita em outro período do dia.
Restrição de entrada
A limitação de clientes por loja é uma medida que contribui para a segurança do time, dos clientes e ainda torna mais fácil manter a loja organizada e com os produtos à disposição. Os supermercados que adotam a medida têm limitado a entrada de pessoas em 50% da capacidade total de público da loja. Para facilitar o processo, mantêm apenas uma porta de entrada e um funcionário a organizar o fluxo. Quando um cliente sai, outro entra. Também é importante ter atenção à fila do lado de fora, a fim de adotar algum mecanismo que evite a aglomeração das pessoas. Adesivos no piso podem ajudar. Organizar a fila em zig e zag também. Atenção às regulamentações por Estado. Em Santa Catarina, por exemplo, o Procon estadual e a Acats (Associação Catarinense de Supermercados) emitiram nota conjunta garantindo às lojas a medida.
Promoções
O que se tem visto são algumas lojas tirando promoções de produtos cujo giro aumentou nos últimos dias, caso dos itens básicos de mercearia e de higiene e limpeza. Muitos supermercados, inclusive, chegaram a suspender temporariamente o folheto de ofertas. Estão mantendo as promoções em itens de maior valor agregado. O GPA foi um dos que suspendeu ofertas de alguns produtos. Segundo Ronaldo Iabrudi, vice-chairman do GPA, em entrevista ao Brazil Journal, a medida ainda permite ter um aumento relevante da margem. “Nossas margens também vão aumentar porque esse aumento brutal do volume gera uma diluição muito forte do custo fixo”, declarou.
Vencimento de produtos
Não é certo, mas talvez esse problema surja numa situação de confinamento mais rigoroso das pessoas. Se a sua loja dispõe de canais online, fica mais fácil manter o giro das mercadorias. Caso contrário, a recomendação é negociar com fornecedores. A parceria e a colaboração nesse momento são cruciais. Outro ponto importante é ficar atento ao estoque. É necessário que ele vá se adequando aos diferentes momentos de consumo influenciados pelos impactos do Coronavírus.
Loja segura
As lojas também precisam agir contra o tempo para proteger tanto os funcionários, quanto os clientes. O ideal é que seja feito o gerenciamento de risco, conforme previsto na norma NR9 do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. A partir daí, buscar soluções para combater os riscos de contaminação. Treinamentos e orientação ao time quanto aos riscos e medidas básicas de prevenção e higiene são algumas medidas. Intensificar os procedimentos de limpeza da loja e de todas as áreas e equipamentos de uso compartilhado também é importante. As redes também estão disponibilizando álcool gel e sanitizante nos caixas e corredores. E algumas têm encontrado soluções criativas, como o painel de acrílico nos caixas, painel com pias móveis na entrada da loja. No exterior tem loja até bloqueando a entrada de sacolas retornáveis. Quanto mais medidas de segurança, melhor!
Fonte: SA Varejo