Depois de investir R$ 20 milhões nos últimos três anos em infraestrutura e na base produtiva, a Korin Agropecuária, uma das empresas mais conhecidas no segmento de alimentos orgânicos e livres de antibióticos, não poderá simplesmente relaxar e colher os frutos em 2021. Isso porque a empresa percebeu que, apesar de seu faturamento ter crescido 900% nos últimos 13 anos, estava ficando para trás em inovação. Em 2020, a companhia faturou R$ 190 milhões, 13% mais que no ano anterior e esperam alcançar R$ 210 milhões em 2021.
“Basicamente, todos os nossos concorrentes têm produtos de valor agregado para o consumidor, como carnes prontas desfiadas, e também para indústria, como ovos em pó ou líquidos. Precisamos correr atrás disso”, diz Reginaldo Morikawa, diretor-superintendente da Kórin. Para isso, afirma ele, a companhia criou uma diretoria de marketing e inovação e contratou para liderá-la a executiva Letícia Guarnieri.
“Ao longo dos anos, precisamos investir para garantir nossa operação principal, que é a produção sustentável, livre de transgênicos na alimentação de frangos e nos subprodutos como ovos. Agora é hora de deixar de ser um frigorífico e virar uma empresa de alto valor agregado, em que o animal é rentabilizado como um todo”, afirma Morikawa. “A intenção é ver todas essas oportunidades e ir criando cada vez mais valor à marca”, assim como a produção de alimentos à base de plantas, “mas esse é um projeto mais distante”, indica o executivo.“A intenção é ver todas essas oportunidades e ir criando cada vez mais valor à marca”, afirma o executivo. Também está no radar, como não poderia deixar de ser, a produção de alimentos à base de plantas. “Mas esse é um projeto mais distante”.
Os cortes de frango representam 63% do faturamento da companhia; outros 15% vêm de ovos orgânicos e de galinhas criadas soltas. O restante é dividido entre produtos bovinos e itens de mercearia, como feijão e farinhas, além de mel.
Uma nova fábrica de ração para animais, em Ipeúna (SP), absorveu a maior parte dos investimentos dos últimos anos, feitos para garantir a operação sustentável e reduzir os custos de produção. “Essa unidade nos permite trabalhar com multigrãos, como milheto, sorgo e levedura de cana, que são naturalmente não-transgênicos. Soja e milho não-transgênicos exigem o pagamento de prêmios muito altos”, diz Morikawa. A fábrica pode produzir 4 mil toneladas ao mês, mas ainda roda com apenas 20% dessa capacidade.
Outra questão para a empresa, que nasceu para atender os messiânicos, é evitar a monocultura. “Entre nossas metas ESG (governança ambiental, social e corporativa) está o incentivo à agricultura familiar e a produção mais sustentável”.
Além da fábrica, a companhia comprou um túnel de congelamento dinâmico, por R$ 5 milhões, para internalizar os 50% da produção que até então era congelada por terceiros. O problema é que, com a falta de aço no mercado internacional, a entrega do túnel foi adiada de agosto de 2020 para julho de 2021.
Os recursos para o aporte foram obtidos com linhas Plano Safra e bancos de varejo. Mas, com o atraso da entrega, a Korin está negociando a portabilidade dos empréstimos para bancos e fundos especializados em ESG. “Queremos prazos e carências maiores, mas não encontramos juros necessariamente melhores. Teremos redução apenas de IOF, porque essas linhas ESG têm renovação a cada três anos, e não a cada ano como as tradicionais”, diz Morikawa.
Além desse financiamento, o executivo diz que há “muitas conversas” com fundos de foco em ESG para a criação de novos produtos, como uma linha plant-based. “Somos uma empresa conhecida e rentável – e, claro, já fomos procurados por fundos de private equity, por exemplo. Mas nossa filosofia é diferente. Não queremos mudar a empresa e nem perder seu controle, então temos que nos unir a quem entende o propósito da Korin”, afirma.
Nesse sentido, Morikawa explica por que a empresa ainda não lançou um produto à base de plantas. “Precisamos que seja sustentável, orgânico, sem aditivos. Não faz sentido para nossa história ter uma coisa qualquer que tenha aditivos químicos só para dizer que temos plant-based”.
Morikawa reconhece que essa filosofia atrasa os lançamentos da empresa, mas afirma que garante fidelidade do consumidor. Há menos de três meses, a companhia lançou uma salsicha de frango, cujos ingredientes são considerados nobres (coxa do frango, por exemplo), e uma truta rosa, que serve como alternativa ao salmão importado.
Para 2021, prevê-se também uma linha intermediária entre o frango tradicional da empresa, sem uso de ração transgênica, e o mais caro, alimentado com orgânicos.
Fonte: Valor Econômico, Avisite , CI Orgânicos
Autor: Fernanda Pressinott