A falta de dados oficiais relacionados à produção orgânica brasileira ainda é uma realidade no nosso país, apesar de disponibilizarmos de Inteligência Artificial e possuirmos muitas startups voltadas para o levantamento destas informações. Enquanto isso, os Estados Unidos e a Argentina possuem um banco de dados de orgânicos bastante completo e aberto ao público com fácil acesso para consulta.
A diretora técnica da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos), Sylvia Wachsner, afirmou que a produção orgânica, no Brasil, tem crescido nos últimos anos, porém não há como precisar o quanto e nem as culturas que se destacam ou mesmo as regiões que mais exportam.
“Há muitos anos, a SNA vem cobrando do Ministério de Agricultura (MAPA), responsável pelas estatísticas e dados do setor orgânico, a atualização da planilha com estas informações. Tivemos, por meio da Câmara de Orgânicos MAPA, algumas reuniões, mas nada foi para frente”.
Quem? Onde?
A coordenadora do CI Orgânicos disse ainda que o Brasil exporta para os EUA do Pará, Bahia, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Amazonas, Goiás, Santa Catarina, São Paulo, dentre outros; produtos como açaí, acerola, caju, açúcar, café, mandioca, mas que só obteve estas informações na base de dados norte-americana.
“É injusto ter de recorrer às informações do Ministério de Agricultura dos EUA para saber quais empresas, cooperativas ou assentamentos brasileiros estão exportando. Na planilha deles, consta telefones, e-mails, origem dos produtos, certificadoras e os nomes dos produtores que estão comercializando com eles”.
Impactos
Essa escassez de dados impacta, diretamente, no setor de pesquisa e também nos investimentos, segundo Sylvia Wachsner. “Se eu sou investidor e desejo aplicar recursos em frutas tropicais, por exemplo, preciso saber sobre a produção deste artigo no Brasil. O que é inviável, neste momento”.
Feiras internacionais
Há 15 anos, o governo federal do Brasil subsidia a participação de agricultores familiares de orgânico em feiras internacionais, inclusive nas maiores do mundo. “Os produtores participam das feiras com o intuito de adquirir conhecimento, mas também de fechar negócios, porém esbarram na falta de dados gerais sobre a atividade. Além disso, o poder público não tem como monitorar e nem avaliar o resultado dos investimentos realizados ao subsidiar a participação desses agricultores familiares. Alguma medida precisa ser tomada pelo governo federal”, finalizou a diretora técnica da SNA.
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Fonte: SNA
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