Por: Redação Fispal Tecnologia
O selo vegano certifica que um produto não contém ingredientes de origem animal nem passa por testes que envolvam exploração de seres vivos. Ele promove o consumo responsável, impulsiona a indústria vegana e valoriza alternativas sustentáveis no mercado. Saiba mais!
O selo vegano é um dos principais indicadores de que um produto atende aos princípios do veganismo, excluindo ingredientes de origem animal e testes em animais. Com a crescente preocupação com a sustentabilidade alimentar e o impacto ambiental, essa certificação tem se tornado essencial para consumidores que priorizam a alimentação ética e a preservação dos recursos naturais.
Em datas como o Dia Mundial sem Carne (20 de março), cresce o debate sobre a importância de adotar alternativas sustentáveis e incentivar o mercado a desenvolver produtos sem crueldade. Saiba a seguir como identificar um rótulo ecológico confiável e quais são as normas de certificação vegana.
O que é selo vegano?
O selo vegano é uma certificação que atesta que um produto não contém componentes derivados de animais e não passou por testes laboratoriais que envolvam seres vivos.
Essa identificação garante que o item segue os princípios do veganismo, promovendo um consumo consciente e incentivando práticas mais éticas na indústria vegana.
Assim como as certificações kosher e orgânica, o selo vegano assegura que a fabricação respeita padrões específicos de qualidade e responsabilidade socioambiental.
Cada certificação tem uma função específica, e entender suas distinções evita equívocos no momento da compra:
- Selo vegano: Indica que o produto não contém substâncias de origem animal e não passou por testes invasivos em seres vivos.
- Certificação ambiental/orgânica: Garante que o produto foi elaborado sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos, mas não impede o uso de ingredientes de origem animal, como mel ou leite.
- Cruelty-free: Assegura que o produto final e seus componentes não foram testados em seres vivos, porém, pode conter substâncias derivadas de animais.
No Brasil, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) é uma das principais entidades responsáveis por conceder essa certificação por meio do programa Certificado Produto Vegano SVB, criado em 2013.
A Associação Brasileira de Veganismo já certificou mais de 4.500 produtos, abrangendo segmentos como alimentos plant-based, cosméticos, itens de higiene, limpeza e até calçados.
Diferente de certificações voltadas a marcas inteiras, essa validação é concedida individualmente para cada item, garantindo um controle rigoroso sobre seus ingredientes naturais e processos produtivos.
Os benefícios do selo vegano para as indústrias
A certificação vegana tem se tornado um diferencial competitivo para empresas que desejam atender à crescente demanda por produtos sem crueldade e alternativas sustentáveis.
O setor de sabores veganos deve movimentar 18,3 bilhões de dólares até 2034, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 5,2% entre 2024 e 2034, segundo um relatório da Fact.MR. Esse crescimento reflete o aumento da conscientização dos consumidores sobre alimentação ética, saúde e ingredientes de origem vegetal.
No Brasil, a tendência já é conhecida: 46% dos brasileiros deixam de consumir carne ao menos uma vez por semana, e 14% se declaram vegetarianos, de acordo com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). O setor de produtos à base de plantas deve alcançar 162 bilhões de dólares até 2030, representando 7,7% do mercado mundial de proteínas.
Enquanto o consumo de proteína animal perde força, dados mostram que 56% dos brasileiros pretendem aumentar o consumo de frutas e vegetais frescos, enquanto 42% querem ampliar a ingestão de feijões, grãos e leguminosas.
Esse comportamento fortalece o mercado de produtos orgânicos e a certificação vegana como um critério essencial para atrair consumidores preocupados com saúde e nutrição.
Inovação como diferencial competitivo
Além dos alimentos plant-based, a inovação também impulsiona alternativas tecnológicas, como a carne impressa em 3D ou cultivada. Esse avanço pode transformar os cardápios ao redor do mundo e viabilizar a produção de carne em locais sem tradição pecuária, reduzindo custos logísticos e impactos ambientais.
De acordo com um relatório da McKinsey & Company, a carne cultivada pode se tornar uma indústria global de 25 bilhões de dólares até 2030, podendo representar até 0,5% do suprimento mundial de carne.
O setor de sorvetes veganos também ilustra o potencial do mercado. Segundo projeções, o consumo de sorvetes veganos deve crescer 12,8% ao ano até 2032. No Brasil, a Mira Flor, pioneira em Minas Gerais, aposta em produtos à base de inhame e caju para oferecer uma opção mais natural e sem aditivos sintéticos.
Aceitação no mercado
A certificação vegana não apenas atende às expectativas dos consumidores, mas também fortalece a reputação das marcas, associando-as a valores de responsabilidade social e ambiental.
Uma pesquisa da V-Label revelou que 91% dos consumidores das gerações Y e Z preferem adquirir produtos com certificação vegana, indicando que o selo é um fator decisivo na escolha de compra. Outra pesquisa do MIDSS, afirma que a alimentação vegana será a preferência de 70% da geração Z nos próximos anos.
Além disso, uma pesquisa conduzida pela SVB mostrou que 96,9% dos entrevistados reconhecem o Selo Vegano em produtos, e 50,3% leem detalhadamente os ingredientes mesmo na presença do selo, demonstrando uma atitude consciente na escolha de produtos veganos.
A certificação vegana oferece benefícios significativos para as indústrias, ampliando o público-alvo e atendendo à crescente demanda por produtos éticos e sustentáveis. Ao adotá-la, as empresas não apenas se alinham às tendências de consumo responsável, mas também fortalecem sua posição em um mercado em constante expansão.
Como a empresa consegue obter o selo vegano?
Para obter o selo vegano, as empresas devem atender a critérios rigorosos que garantem que seus produtos não contenham ingredientes de origem animal e não sejam testados em animais.
O processo envolve uma análise detalhada dos ingredientes, dos métodos de produção e da rastreabilidade dos insumos, sendo conduzido por certificadoras reconhecidas globalmente, como a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).
Para que um produto seja certificado como vegano, ele deve:
- Não conter ingredientes de origem animal, incluindo leite, ovos, mel e derivados;
- Não utilizar substâncias de origem animal como auxiliares de processamento ou aditivos;
- Não envolver testes em animais em nenhuma etapa do desenvolvimento;
- Garantir que seus fornecedores também não realizam testes ou utilizam ingredientes de origem animal nos insumos fornecidos.
Segundo a SVB, a presença não intencional de traços de ingredientes de origem animal em produtos veganos (por contaminação cruzada) não impede a certificação, desde que os fabricantes adotem boas práticas para minimizar esse risco.
O processo pode variar conforme a certificadora, mas segue etapas comuns, como:
- Solicitação Inicial: A empresa deve enviar para a certificadora a lista de produtos e suas composições para análise.
- Avaliação Documental: A entidade avalia os ingredientes e fornecedores para garantir que não há insumos de origem animal ou testes realizados em animais. Esse processo pode levar de 30 a 90 dias.
- Aprovação e Contrato: Se aprovado, a empresa precisa assinar um contrato de certificação e enviar o layout da embalagem para validação, garantindo o uso correto do rótulo ecológico.
- Manutenção e Auditoria: Algumas certificadoras exigem auditorias periódicas para verificar o cumprimento dos requisitos ao longo do tempo. A FoodChain ID – Certificação voltada para o setor alimentício, inclui rastreabilidade e análise laboratorial.
O custo da certificação vegana varia conforme o porte da empresa e a complexidade do processo. Segundo a Associação Brasileira de Veganismo (ABV), os valores começam em R$ 520 para Microempreendedores Individuais (MEI) e podem chegar a R$ 9.720 para empresas de grande porte. Esse investimento inclui a análise dos ingredientes, a verificação de fornecedores e a auditoria do processo produtivo.
Oportunidades para a indústria e o impacto do selo vegano
O crescimento do mercado vegano abre novas oportunidades para a indústria alimentícia, especialmente no desenvolvimento de produtos que vão além dos alimentos ultraprocessados.
Segundo um estudo publicado na JAMA Network Open e conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), a dieta dos veganos brasileiros é majoritariamente baseada em alimentos in natura ou minimamente processados, representando 66,5% da ingestão energética, enquanto os ultraprocessados correspondem a apenas 13,2%.
Essa tendência indica uma demanda crescente por alternativas que unam conveniência, qualidade nutricional e menor grau de processamento.
Produtos como leites vegetais sem aditivos artificiais, snacks naturais à base de castanhas e proteínas vegetais sem conservantes ganham espaço e podem ser impulsionados pelo selo vegano, que transmite credibilidade ao consumidor.
Além disso, a indústria tem a oportunidade de expandir sua atuação para segmentos como refeições prontas frescas, panificados e suplementos nutricionais à base de ingredientes naturais. A adoção do selo vegano pode ser um diferencial competitivo, agregando valor à marca e fortalecendo sua posição no mercado.
Marcas que inovam
Empresas de diferentes segmentos estão ampliando suas linhas de produtos veganos, desde marcas especializadas até gigantes da indústria alimentícia que adaptam seus portfólios para atender esse público.
Um dos destaques no mercado é a Vida Veg, fábrica de produtos veganos que registrou um crescimento de 42% no faturamento no primeiro semestre de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Fundada em 2015 e sediada em Lavras, Minas Gerais, a empresa investiu 10 milhões de reais na ampliação da produção, alcançando a capacidade de fabricar até mil toneladas mensais de alimentos plant-based, um aumento expressivo em relação às 220-250 toneladas produzidas anteriormente.
Outro exemplo de inovação no setor é a Nissin Foods do Brasil, que tornou-se a primeira marca de macarrão instantâneo a receber o selo vegano da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). O Nissin Lámen Legumes, já presente no portfólio da empresa, agora conta com certificação vegana e uma nova receita, mantendo o sabor e a praticidade característicos do produto.
A inclusão de um item com certificação no segmento de macarrão instantâneo é um marco importante, considerando a popularidade do miojo no Brasil e sua presença constante na alimentação de milhões de consumidores. Com isso, a Nissin amplia suas opções para atender um público crescente que busca conveniência sem abrir mão da alimentação ética e sustentável.
A certificação vegana pode ser um diferencial competitivo para indústrias que desejam expandir suas operações para mercados exigentes. No mercado europeu, por exemplo, o rótulo ecológico e selos como The Vegan Society e V-Label são amplamente reconhecidos e facilitam a aceitação de produtos em redes de supermercados e lojas especializadas.
Nos Estados Unidos, a certificação Vegan Action é um dos principais selos exigidos para a comercialização de produtos plant-based, enquanto no Canadá, consumidores valorizam alternativas sustentáveis com certificação ambiental e sem crueldade.
Com a crescente demanda por produtos sem crueldade e alternativas sustentáveis, investir no selo vegano pode abrir novas oportunidades de mercado, tanto no Brasil quanto no exterior.
Para empreendedores, considerar a certificação vegana é um passo estratégico para acompanhar as mudanças no comportamento do consumidor e se posicionar de forma competitiva.
Seja para pequenas ou grandes indústrias, garantir um rótulo ecológico e oferecer produtos certificados pode ser o caminho para crescer de forma sustentável, inovadora e alinhada às novas exigências do mercado global.
Fonte: FOOD CONNECTION