Conheça abordagens que permitem o desenvolvimento de projetos mais sustentáveis, diminuindo a poluição na atmosfera e os impactos no meio ambiente
Por: Rafaela Freitas
Foto: Freepik/Creative Commons
Apesar de garantir a segurança e a estética das cidades com a concepção e a manutenção de prédios, pontes, barragens e estradas, a construção civil é uma das principais atividades poluidoras e consumidoras de recursos naturais do planeta. Exemplos são o uso da areia, cimento e a madeira obtida de forma não manejada.
Em 2021, o Brasil produziu cerca de 48 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, publicado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). O órgão também associa cerca de 30% de todo o lixo sólido no país ao setor.
Materiais como selantes, tintas e adesivos possuem teores de Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs), responsáveis pela poluição atmosférica e relacionados à alguns tipos de câncer.
Assim, a sustentabilidade vem se tornando um tópico cada vez mais central nas discussões acerca do futuro da construção civil, incluindo novas tecnologias, técnicas modulares, selos de sustentabilidade e circularidade. Saiba mais sobre esses conceitos:
- Economia circular
Cláudio Carvalho, sócio da AW Realty Incorporadora, explica que a economia circular é um modelo de produção e consumo que busca reduzir o desperdício e a poluição por meio da reciclagem de materiais e energia.
“Utilizamos diversos materiais reciclados em aditivos, cimento, plásticos reciclados na composição de tubulações, alumínio, aço, entre outros”, ele comenta.
Afinal, o concreto e o cimento são inimigos do meio ambiente?
A reutilização de materiais de outros empreendimentos e obras é uma das principais formas de circularidade na construção civil. Exemplos são retrofits e projetos que utilizam parcelas de uma demolição.
O concreto, terceiro maior emissor de gases do efeito estufa, também pode ser reaproveitado, seja para a produção de um novo produto, seja em etapas construtivas, como a pavimentação.
- Construções modulares
As construções modulares, por sua vez, são compostas por peças e partes pré-fabricadas. Segundo Felipe Ventura, CEO da Opus Construtech, a fabricação deste tipo de estrutura é feita off-site, ou seja, fora do canteiro de obras.
“Nossos módulos são 100% produzidos em plantas industriais e entregues aos clientes prontas para o uso, com todas as estruturas e ligações hidráulicas e elétricas, a qual chamamos de tecnologia ‘plug and use‘”, ele diz.
Os módulos são isotérmicos e podem ser montados, transportados e acoplados como “peças de Lego”.
- Selos de sustentabilidade
Obras que seguem preceitos de sustentabilidade podem ser submetidas à obtenção de selos que atestam este compromisso. Este tipo de incentivo garante credibilidade às edificações que seguem importantes diretrizes sustentáveis.
Enquanto alguns selos atestam a boa escolha dos materiais e destinações durante a construção, outros “premiam” projetos que mantenham os princípios durante a sua vida.
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“O selo Edge, por exemplo, é um certificado que vem revolucionando o meio da construção civil em todo o mundo. De maneira objetiva, ele avalia e certifica os edifícios conforme o gasto energético e consumo de água”, apresenta Cláudio, da AW Realty Incorporadora.
“Preliminarmente, a certificação é feita na fase de projeto, dando os parâmetros para atenderem as metas do programa. Após construída, a entidade certificadora faz uma reavaliação da construção, dando o certificado somente após verificar que as medidas projetadas foram implementadas de fato, o que traz enorme seriedade a todo o programa”, ele complementa.
Impactos ambientais da construção civil
Quase metade da matriz energética do Brasil vem fontes renováveis – em comparação aos países mais industrializados, é um valor acima média mundial. A outra parcela é gerada por combustíveis fósseis, o que contribui com o lançamento de carbono na atmosfera. É isto que define a famosa pegada de carbono.
“Diante dessa realidade, precisamos reduzir o consumo de energia elétrica por meio de projetos que privilegiem a ventilação natural e o sombreamento de áreas estratégias, incluindo o emprego de materiais com maior inércia térmica”, diz Cláudio.
“O consumo de água é outro fator que pede atenção, uma vez que, apesar de ser um recurso renovável, é escasso em muitas regiões. O consumo consciente, buscando o desperdício mínimo, contribui com toda a sociedade”, acrescenta o profissional.
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Vários desafios permeiam a escolha de alternativas sustentáveis no setor. Um dos impasses, segundo Felipe, é a cultura de resistência em relação à inovação e mudança nos métodos tradicionais. Outro tópico é a economia: algumas empresas preferem baratear os custos em troca do impacto ambiental.
Cláudio acredita que os clientes valorizam cada vez mais princípios sustentáveis, especialmente em relação aos que podem ajudar nos custos futuros – como o emprego de materiais de maior durabilidade e de sistemas que ajudem na redução do consumo de água e energia elétrica.
Fonte: Casa e Jardim