Por: Redação Agrishow
A agricultura urbana está ganhando um novo significado com abordagens inovadoras que vão muito além das hortas comunitárias tradicionais. Num contexto em que a segurança alimentar e a sustentabilidade são prioridade, o desenvolvimento de soluções que promovem laboratórios vivos em espaços urbanos está ganhando espaço no mercado.
Essa tendência pode ser vista durante o Agrishow Labs 2025, em que a Santa Food Tech, uma startup paulista, apresentou uma solução que stá transformando o conceito de produção alimentar nas cidades através da integração entre ciência de dados, tecnologia e práticas regenerativas. Confira a seguir.
Agricultura Regenerativa: uma revolução nos centros urbanos
A agricultura regenerativa representa um avanço significativo em relação aos métodos convencionais de cultivo. Diferentemente da agricultura tradicional, as práticas regenerativas tem como foco uma produção mais sustentável, para restaurar ecossistemas, aumentar a biodiversidade e sequestrar carbono da atmosfera. No contexto urbano, essa abordagem também é possível e ganha grandes dimensões.
Durante sua apresentação no Agrishow Labs, a Santa Food Tech apresentou uma metodologia própria, que adapta os princípios da agricultura regenerativa para o ambiente urbano, criando microeconomias verdes circulares em pleno coração de grandes centros metropolitanos.
Com apoio da FAPESP, através do programa PIPE (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas), a startup conseguiu validar cientificamente seu modelo inovador.
Um Modelo de Transformação Urbana
O que diferencia a Santa Food Tech de outras iniciativas de agricultura urbana é sua abordagem sistêmica e multidimensional. A empresa não se limita apenas à produção de alimentos, mas integra quatro pilares fundamentais:
- Produção e distribuição alimentar sustentável – Cultivo de alimentos orgânicos, agroecológicos e agroflorestais adaptados ao contexto urbano;
- Educação ambiental e social – Programas que capacitam comunidades locais em práticas regenerativas;
- Conexões comunitárias e análise de dados – A startup desenvolveu uma plataforma tecnológica capaz de mapear desertos alimentares (áreas urbanas com acesso limitado a alimentos frescos e nutritivos) e monitorar indicadores socioambientais em tempo real.;
- Cadeias produtivas não-lineares – Sistemas sinérgicos que promovem autossuficiência e regeneração territorial
Este modelo permite a atuação simultânea em diversas frentes, criando um ecossistema completo que vai da produção ao consumo, passando pela educação e pelo desenvolvimento comunitário. E, com a integração da análise de dados, é possível identificar áreas prioritárias para intervenção, otimizar rotas de distribuição de alimentos, quantificar impactos ambientais positivos e gerar valor em mercados emergentes como crédito de carbono, além de pagamento por serviços ambientais.
Impacto Social e Ambiental Mensurável
Atuando em regiões estratégicas da Grande São Paulo, a Santa Food Tech opera através de um modelo econômico baseado em troca, doação e comercialização. Este sistema envolve diversos atores locais, como produtores urbanos e periburbanos, cozinheiras comunitárias, entidades sociais e consumidores engajados.
O resultado é a criação de um novo estilo de vida urbano sustentável, no qual a produção e o consumo de alimentos se tornam vetores de transformação socioambiental. A empresa trabalha alinhada com sete dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, demonstrando seu compromisso com uma visão global de sustentabilidade.
Um diferencial importante da startup é sua equipe, composta integralmente por mulheres em cargos estratégicos, trazendo uma perspectiva diversa e inclusiva para o setor de agrotech.
Atualmente, a empresa está em fase de expansão e internacionalização. Além de sua atuação no Brasil, a Santa Food Tech está realizando testes de seu modelo na República Dominicana, em parceria com organizações globais como a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e o Programa Mundial de Alimentos (WFP).
As projeções são ambiciosas: ampliar sua atuação de 5 para 33 microrregiões até o final de 2025, atendendo mais de 65 mil famílias. Este crescimento acelerado demonstra o potencial escalável do modelo desenvolvido pela startup.
Projeções da Agricultura Urbana Regenerativa
A experiência da startup aponta para um futuro promissor para a agricultura urbana regenerativa no Brasil e no mundo.
À medida que as cidades enfrentam desafios crescentes relacionados à segurança alimentar, mudanças climáticas e desigualdade social, modelos como este oferecem soluções integradas que transformam problemas em oportunidades.
A combinação entre práticas regenerativas, que aumentam a biodiversidade e sequestram carbono, com tecnologias avançadas de análise de dados, representa um caminho viável para cidades mais resilientes e sustentáveis.
Fonte: AGRISHOW DIGITAL