Fórum Animal divulga relatório parcial do EggLab 2025

Compromissos cage-free avançam, mas ainda carecem de transparência e efetividade

Pesquisa mostra que quase 60% das empresas monitoradas já registraram progressos na transição para ovos livres de gaiolas, impactando em torno de 11,6 milhões de galinhas. No entanto, lacunas em relatórios e ausência de planos claros podem comprometer a implementação até 2030. 

O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, por meio do EggLab, sua plataforma de auditoria e transparência de compromissos corporativos cage-free, acaba de lançar o Relatório Parcial 2025, que monitora a evolução de políticas empresariais para a eliminação do uso de gaiolas na produção de ovos no Brasil.

O levantamento mostra que 59,39% das empresas monitoradas já migraram total ou parcialmente para sistemas cage-free, representando uma mudança estrutural no setor de produção e comercialização de ovos. Isso já se traduz em impacto direto na vida de mais de 11,5 milhões de

galinhas que não vivem mais em sistemas de confinamento intensivo. A projeção é que até 2030 o número de animais beneficiados chegue a 34 milhões, consolidando uma das maiores transições de bem-estar animal da América Latina.

Apesar dos avanços, o relatório identifica desafios críticos que podem comprometer a efetividade dos compromissos:

● Baixa transparência: grande parte das empresas não divulga publicamente relatórios de progresso, dificultando o monitoramento social e a cobrança de resultados;

● Ausência de planos detalhados: em muitos casos, os compromissos foram anunciados sem cronogramas claros, metas intermediárias ou indicadores verificáveis;

● Desafios de fornecimento e logística: ainda há carência de fornecedores de ovos processados livres de gaiolas, além de dificuldades na logística de empresas com múltiplas unidades;

● Comunicação deficiente com consumidores: a maioria das empresas não explora o potencial de valor de marca associado à transição cage-free, desperdiçando oportunidades de engajamento e fidelização;

● Retrocesso de compromissos: o relatório também chama atenção para empresas que retiraram compromissos de seus sites ou simplesmente abandonaram políticas previamente assumidas, acreditando que essa é uma opção viável. Esse tipo de prática fragiliza a confiança do consumidor e ameaça a coesão do movimento cage-free no Brasil;

● Risco de humane washing: sem metas claras, indicadores verificáveis e mecanismos de reporte, algumas políticas acabam funcionando mais como peças de marketing do que como compromissos reais de bem-estar animal, reforçando a necessidade de fiscalização e monitoramento independentes.

Casos positivos como M. Dias Branco e GPA mostram que é possível avançar com responsabilidade. Ambas as companhias estruturaram planos de ação, relatórios públicos e processos de engajamento com fornecedores, servindo de referência para o setor.

“Este relatório parcial evidencia um paradoxo: ao mesmo tempo em que celebramos um impacto positivo já sentido por milhões de animais, também observamos que a falta de clareza em muitos compromissos ameaça o alcance das metas de 2030. A transparência e a comunicação clara com a sociedade são fundamentais para consolidar a credibilidade desse movimento”, afirma Lucas Galdioli, gerente do EggLab.

O relatório também ressalta que os próximos anos serão decisivos. Diversas empresas têm prazos de compromissos que expiram em 2025, o que exigirá não apenas ações concretas, mas também mecanismos de reporte consistentes.

“O EggLab foi criado para apoiar empresas, consumidores e a sociedade civil na verificação dos compromissos assumidos. Nosso papel não é apenas monitorar, mas também propor soluções técnicas e estratégicas para que as empresas possam superar desafios reais de mercado. A transição cage-free é uma demanda ética, mas também é um passo essencial para a sustentabilidade e competitividade do setor de alimentos no Brasil. Estamos preocupados que as empresas estejam cometendo Humane Washing, que é tática de marketing enganosa em que empresas usam linguagem vaga para criar uma falsa impressão de bem-estar animal em seu produtos, sem realmente adotar práticas éticas e transparentes de confecção dos seus produtos”, complementa Taylison Santos, vice-presidente do Fórum Animal.

O estudo ainda aponta que, embora o Brasil já some mais de 190 compromissos públicos com ovos livres de gaiolas, abrangendo setores como hotelaria, alimentação fora do lar, indústria de alimentos e varejo supermercadista, a inconsistência na comunicação pode abrir espaço para o chamado humane washing. Sem relatórios robustos e verificáveis, há risco de compromissos não serem efetivamente cumpridos dentro dos prazos anunciados.

O Relatório Parcial EggLab 2025 está disponível para download gratuito em: www.egglab.org.br

Sobre o EggLab

O EggLab é uma plataforma de auditoria, monitoramento e transparência de compromissos públicos de empresas brasileiras com a transição para ovos livres de gaiolas. Por meio de metodologias participativas, relatórios técnicos e relacionamento com empresas, busca impulsionar a transformação da produção de ovos no Brasil, alinhando bem-estar animal, ética, rastreabilidade e responsabilidade socioambiental.

Sobre o Fórum Animal

O Fórum Animal é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua na defesa dos animais, promovendo políticas públicas, campanhas e projetos voltados à ética, ao bem-estar e à sustentabilidade.

Imagem: Vecteezy | Oleg Gapeenko

Por: Valle da Mídia Assessoria de Imprensa